domingo, 25 de setembro de 2011

Extras de A Origem - Um momento entre Henry e Heather

ATENÇÃO! ESSA CENA PODE CONTER SPOILERS DE "A ORIGEM". SE VOCÊ AINDA NÃO LEU O LIVRO OU NÃO GOSTA DE SPOILERS, POR FAVOR NÃO CONTINUE LENDO ESSE POST.


ESSA CENA CONTÉM DESCRIÇÕES NÃO ADEQUADAS PARA MENORES DE 16 ANOS. RECOMENDAMOS FORTEMENTE QUE, SE VOCÊ POSSUI MENOS DE 16 ANOS, NÃO PROSSIGA NA LEITURA. Obrigada.

Essa é uma cena de um momento aleatório entre Heather e Henry, escrita para agradar alguns leitores que sempre querem mais :) A cena foi escrita pelo ponto de vista do Henry, e está em primeira pessoa.
Eu a encontrei de frente para o espelho. Era início de noite, e eu tinha acabado de acordar. Havia aquele cheiro de flores por toda a casa, e eu sequer sabia do que se tratava. E ela estava ali, rodopiando de frente para o espelho, satisfeita consigo mesma, os olhos atentos aos detalhes de um vestido tomara que caia florido. Nada ali parecia adequado ao clima de Graceland, mas era verão, e ela ficava adequada de qualquer jeito.




Esfreguei os olhos para clarear a visão, e ela me notou. Eu ainda não tinha me dado conta que as flores do vestido não tinham perfume, e que todo aquele aroma pertencia a ela, somente. Não valia mesmo a pena dormir no meu quarto, acordar perdia toda a graça. Era muito mais interessante acordar e tê-la como primeira visão da noite, como a única coisa em minha frente.

“Boa noite, preguiçoso.” Ela virou-se para mim, percebendo-me. Pegou-me em uma situação bastante diferente, eu estava completamente aturdido com a sua presença. Meus lábios estavam partidos e minha expressão era de deleite. Êxtase. Só ela conseguia despertar aquelas sensações em mim sempre, como se eu me apaixonasse por ela cada vez que meus olhos a vissem. “Já acordou na hora de dormir de novo?”

“Que horas são?” Eu levantei-me assustado com o comentário, sem dar-me conta de que ela estava brincando. O meu senso de humor não funcionava antes de uma hora após o despertar. O dela estava em forma, considerando que ela deveria ter passado o dia acordada, e bastante atarefada.

“Ainda são sete horas... não se preocupe.” Ela sorriu, e seus lábios abertos mostraram os dentes perfeitos. As rugas ao redor de seus olhos transparentes e o movimento de suas bochechas estavam em perfeita sincronia. Eu deveria estar errado, ela não podia ficar mais linda a cada dia. “E então, os planos para hoje?”

“Trabalho.” Eu levantei-me por completo, colocando-me de pé de forma atabalhoada. Talvez eu estivesse mesmo preguiçoso, e ela soubesse mais de mim do que eu mesmo. Coçando a cabeça eu caminhei lentamente até o banheiro; muito mais lentamente do que seria tolerável para um ser da minha espécie.

“Ah, claro. Mas você não precisa se preocupar com isso, os rapazes já foram.”

“Por que eles foram, era minha noite.” Eu disse, a boca cheia de pasta de dente. Vampiros escovavam os dentes, tomavam banho, precisavam de higiene como todo ser humano. Afinal, a imundície do mundo estava à disposição de todos os seres que habitavam a Terra, e a minha dieta tinha que me deixar com o hálito prejudicado.

“Eu mandei que desaparecessem, eles desapareceram. Simples assim.” Ela continuava falando do quarto, e eu ouvia sua voz em baixo tom.

“Todo mundo sempre obedece Heather.” Eu ri, e depois de terminar de lavar o rosto retornei para o quarto. Ela não estava mais na frente do espelho, mas sentada na cama e olhando para baixo. Ao me ver, seu coração deu um salto e ela fixou seus olhos em mim, na minha imagem. Eu pude sentir a batida descompassada de seu coração de onde estava. “O que houve?”

“Nada.” Ela disse, os olhos ainda fixos. Havia um rubor diferente em suas bochechas, e eu podia jurar que ele não estava ali antes.

“Você mente tão mal...” Eu insisti, sem mover-me. “Vamos, Heather, conte-me. Por que expulsou os rapazes ou por que está com essa cara de medo só porque eu cheguei?”

“Não é medo.” Ela sorriu, e atingiu-me na face como uma bofetada. Metaforicamente. Os raios de luz que emanavam do sorriso dela eram cruéis. “É que faz tempo que eu não vejo você assim.”

“Você me vê assim todo dia.” Contestei, porque aquela conversa não fazia sentido. “Eu durmo assim todo dia.”

Eu me referia às minhas calças da idade média, brancas e de tecido. Eu era um homem, e homens não se importavam e ser sexy. Aliás, tudo aquilo era uma grande bobagem para mim. Eu era um vampiro, e ser sexy fazia parte da minha estrutura. Era como se, a partir do momento em que eu tivesse me transformado, eu passasse a exercer aquela força irresistível por sobre as mulheres. E eu nem queria, era um fato. Servia apenas para alimentação. E eu nunca tinha prestado atenção se com Heather funcionava do mesmo jeito, se a minha simples presença causava nela o mesmo efeito. Mas ela continuava olhando para mim com aquela expressão de agonia.

“Agora você já está me deixando preocupado.” Eu disse, enquanto ela não falava nada.

“Eu sei que vejo você assim... vestido. É que faze tempo que não vejo você assim... disponível.”

“Disponível para que, Heather?” Sim, eu não tinha entendido. Era de se esperar, eu só tinha acordado e estava fraco. Dias sem me alimentar, e com aquela dieta forçada novamente. Eu havia prometido a ela, nada de humanas sensuais, porque ela não entendia que era apenas comida. Era como se ela comesse um frango ou um ovo frito; eu cravava meus dentes em pescoços. E com mulheres sempre foi tão mais fácil...

“Henry, eu sinto sua falta.” Ela emburrou, aquela expressão dos lábios inferiores sobrepondo os superiores, a testa franzida e o olhar característico da mágoa. E eu que jurava que ela não era humana!

“Amor, você precisa me explicar isso melhor.” Eu sorri ternamente para ela, mas temi aproximar-me. “Eu estou todo dia com você, e só com você. Foi porque passou o dia sem mim, é isso? Desculpe-me, mas eu dormi demais porque estou cansado; prometo que vou me alimentar agora e...”

“Eu não disse isso.” Heather levantou-se, a face completamente alterada, e se aproximou de mim. Era impressionante como ela era capaz de ir de uma garota indefesa e mimada para uma fera extremamente perigosa. Poucos sabiam o quanto perigosa ela poderia ser. “Eu disse isso.”

E Heather espontaneamente assaltou meus lábios com os dela, em um beijo muito mais urgente do que seria compreensível. Suas mãos dirigiram-se violentamente para o laço mal feito que mantinha atada a corda responsável por ajustar a minha roupa de dormir, e os dedos o desfizeram em instantes. Claro que eu não tinha me preocupado em fazer um bom trabalho, mas ela estava muito mais rápida do que eu esperava. Em segundos eu não vestia mais nada, porque com a ajuda dos pés ela puxou a calça branca de tecido para baixo. Talvez eu ainda não tivesse entendido o que 'isso' significava para ela, mas eu não tinha como não responder a um estímulo daqueles. Ela me tocava de forma nada sutil, e eu só poderia dizer que estava adorando.

Sem prestar muita atenção no que estava fazendo, minhas mãos desabotoaram cada um dos muitos botões que seguravam aquele vestido lindo em seu corpo. Estava difícil me concentrar, Heather me beijava com toda força que ela tinha, e permitia que suas mãos explorassem minha intimidade de forma inusitada.

“O que deu em você?” Eu tive que perguntar, já terminando de fazer escorregar por sua pele pálida o vestido que eu tinha adorado. Ele não tinha mesmo cheiro de flores, estava tudo nela. Heather parecia um sabonete, e enquanto eu falava meus lábios percorriam a extensão de sua face, descendo até encontrarem seu pescoço. Ah, aquela tentação era insuperável. Por mais linda que Heather fosse e por mais que eu adorasse tocá-la e beijá-la, nada podia ser mais violento do que eu sentia quando meus lábios tocavam o seu pescoço, e minha língua permitia-me sentir o gosto de sua pele. Era ali que os desejos se misturavam, que os meus sentidos se perdiam e o controle se esvaía lentamente.

“Eu quero você.” Ela disse, e parecia meio óbvio. “Eu quero você, e quero fazer com que você me queira também.”

“Você não precisa esforçar-se muito.” Eu disse, mas a frase surtiu o efeito contrário ao que eu esperava. Ao invés de tê-la apaixonada em meus lábios novamente, ao invés de sentir suas mãos em mim, Heather afastou-se subitamente, a expressão ferina novamente, o olhar tenso e irritado, os lábios tremendo.

“Henry Austin.” Meu nome. Era óbvio também, mas ela geralmente só usava o 'Austin' para ralhar comigo. “Você sabe quanto tempo faz que você não me toca? Você sabe quanto tempo faz que eu não tenho tudo isso para mim?” E ela moveu os braços como se eles desenhassem o meu corpo. “Aliás, você está aí com esses dentinhos lindos na boca, mas você viu a marca deles no meu pescoço? Não, porque o que tinha aqui já cicatrizou há semanas!”

Ah, então era aquilo. Como eu estava sendo tolo, como eu poderia ser tão insensível em não perceber o que ela pretendia. Heather achava que eu não a desejava mais por causa do pequeno espaço de tempo sem sexo. Ela jamais entenderia o que o tempo significava para mim. Ela jamais entenderia que meses, até anos, para mim, eram como se fossem horas para ela. Eu já tinha vivido tudo que podia, e o tempo não tinha o mesmo significado. Tudo era eterno, tudo demorava demais para acontecer.

Mas Heather era urgente. Ela tinha vinte e cinco anos de vida, ela era radiante e tão viva. O tempo para ela era contado em segundos, e não em dias. Tudo para ela tinha que acontecer imediatamente, quando ela quisesse. Ela também não entenderia as minhas razões para ter-me mantido afastado dela naqueles dias, e principalmente por não ter-me alimentado com o seu sangue. E eu não sabia se deveria explicar alguma coisa, na verdade.

“Heather.” Eu disse o seu nome, e puxei-a para mim novamente. Ela não iria fazer aquele jogo, ela não teria a chance de escapar de mim. Não depois de deixar-me despido no meio do quarto, já plenamente excitado, segurando-me rigorosamente para não atirá-la por sobre a cama e tomar tudo que eu queria dela. “Eu não aceito que por um momento você acreditou mesmo que eu não te queria.” E eu dei uma grande risada, enquanto minhas mãos pressionavam as suas costas, massageando os seus músculos flácidos que mal conseguiam mantê-la erguida. “Você perdeu o juízo?”

“Sim, perdi.” Ela rendeu-se ao meu humor e atirou os seus lábios contra os meus, beijando-me mais uma vez com aquela violência que lhe era peculiar. “Mas isso foi há muito tempo, quando eu te conheci. Agora eu só estou carente, mesmo.”

Ela estava carente. Heather, carente, era quase uma antítese. Heather nunca foi carente, e nunca precisou de ninguém desesperadamente. Eu precisava dela, mais do que eu suportaria precisar de alguém. Eu amava Heather mais do que qualquer coisa existente. E eu sabia que ela me amava, mas daí a acreditar que ela estivesse a ponto de me assaltar daquela forma... parecia divertido.
Acabei com os pensamentos e tomei-a nos meus braços, terminando de retirar o tecido que cobria sua pele de cera. Coloquei-a na cama bem devagar, como se pudesse quebrá-la com um movimento incauto, e posicionei-me por sobre ela sem parar de beijá-la. Beijá-la era delicioso, e perigoso. Eu sempre me excedia, eu sempre ia mais fundo do que era permitido. Até mesmo em momentos como aquele deveria haver alguma regra de aproximação entre mim e ela, considerando que eu poderia matá-la. Mas eu quase que não acreditava naquilo; era meio impossível de se matar Heather. Ou feri-la, ou fazer-lhe mal. Eu não temia aquilo, e sempre me permitia ir além.

Daquela vez eu não me segurei. Enquanto ela me beijava, eu sentia seu corpo ansioso por mim. Ansioso pelo meu corpo, pelas sensações que poderíamos compartilhar. Era definitivamente muito louco compartilhar tudo aquilo com Heather, porque as diferenças entre nós se acentuavam gravemente naquele momento. Eu sentia levemente seus dedos delicados pressionando minha pele com toda força que aquelas mãos frágeis poderiam fazer, e tive vontade de sorrir. Ela era quente, tão quente quanto um humano poderia ser. A sensação era quase de anestesia, como se o calor pudesse realmente ter aquele efeito sobre mim. Eu, frio e rígido, e ela quente e macia como deveria ser. Mas eu não tinha mais condições de expressar nada, a minha face já estava completamente transformada pela excitação e pelo desejo.

Os olhos dela capturaram os meus, e ela sorriu. Ela podia sorrir, e mostrar-me a beleza de seus olhos azuis pálidos e vivazes. Eu sentia meus músculos inflexíveis e tinha vontade de esconder-me. Os dentes afiados forçavam manter meus lábios semiabertos, e meus olhos eram famintos. Eu parecia faminto, e aquela era a face que eu mostrava à minha presa. Como eu podia mostrá-la a Heather? Mas ela insistia em ver-me, em tocar-me, em aproveitar aquele momento como se ele fosse tão prazeroso para ela quanto era para mim. Era como se para Heather eu tomar o seu sangue tivesse uma importância singular, independentemente do que estivéssemos fazendo. Talvez tivesse, e eu precisaria entender sobre ela muito mais do que eu já entendia.

“Eu amo você.” Ela me disse, com aqueles lábios coloridos e delicados. Ela era tão sensível. Eu me movia por sobre ela bem devagar, porque eu sabia que ela gostava que fosse assim. Não era difícil agradar Heather, eu também não queria que meus momentos com ela fossem efêmeros. “Eu amo você como você é, assim.”

Antes que eu pudesse reagir a ela, Heather travou as duas pernas ao redor de meus quadris, impedindo-me de mover, passou a mão por seu pescoço, retirando o cabelo loiro que ali estava e expôs suas veias lívidas para mim. Sim, era uma tentação insuperável. Como resistir àquele pulso cadenciado, àquele aroma indescritível? E ela entendia aquilo tão bem que parecia incrível. Coloquei minha mão direita em sua nuca e puxei-a levemente para mim, fazendo com que Heather desencostasse do colchão. Ela estava mole em minhas mãos, enquanto meus lábios firmes tocavam a pele macia de seu pescoço. Eu nem precisava de força, ela era tão frágil que sua pele se rompia com toda facilidade.

Fechei os olhos e deixei que ela me preenchesse com a sua essência vital. Heather era mais viva do que os outros seres vivos, eu nunca tive dúvida daquilo. Alguns segundos depois ela decidiu soltar-me, provavelmente quando considerou que eu estivesse urgindo por prosseguir. Sim, eu estava. Os desejos, todos de uma só vez, eram muito difíceis de controlar. O sangue humano, o cheiro dos hormônios, o prazer físico, sexo. Era muita coisa acontecendo de uma vez, e meus sentidos aguçados me confundiam com tanta informação. Eu tinha que me concentrar em dar a ela e tomar dela, ao mesmo tempo.

Eu poderia prolongar um pouco o momento. Eu considerava que ela não iria se opor. Mas eu a submetia à crueldade deliciosa de beber-lhe o sangue, e aquilo a enfraquecia um pouco. Senti Heather dissolvendo em minhas mãos, o seu corpo relaxando lentamente, alguns espasmos muito fortes como que me expulsando de dentro dela. E o calor, cada vez mais forte. Eu não queria parar, era verdade. Eu queria ficar naquele balé inconstante pela noite inteira. Soltei seu pescoço e beijei o local ferido com cuidado. Eu tinha certeza que ela estava sorrindo, porque eu sentia o repuxar de suas bochechas roçando em minha face. Fiz com que ela se acomodasse entre os muitos travesseiros com que ela dormia e deitei-me ao seu lado, a cabeça apoiada na mão, observando-a. Em deleite, sempre.

“Matou a sua vontade?” Eu disse, alguma meia hora depois. Eu tinha que fazer piada em um momento daqueles, ou ela acharia que eu não estava normal. O senso de humor de vampiro de quinhentos anos de idade ao qual ela estava acostumada.

“Não.” Ela disse, virando-se para mim e beijando-me outra vez. “Você?”

“Eu tive o suficiente.” Franzi a sobrancelha, limpando uma pequena gota de sangue que escorria por seu colo. Levei o dedo à boca e encerrei com aquela história de sangue.

“Eu estou falando de outra coisa.” Heather fez um bico. Não deveria ser impressão minha, ela tinha mesmo uma expressão terrível.

“Você sabe que eu nunca tenho o suficiente disso.” Eu ri, puxando-a para mim e apertando-a com força, comprimindo sua carne frágil contra meu peito. “Mas você precisa comer alguma coisa, já jantou?”

E ela me ignorou solenemente, beijando meus lábios devagar. Eu queria sempre que ela estivesse confortável, mas ela nunca se importava com isso. Ah, Heather! Em minutos ela já tinha beijado toda a minha extensão, até chegar à linha imaginária que separava minha barriga dos membros inferiores.

“Só vou tentar uma coisa.” Ela disse, e eu não vi mais nada. Lá íamos nós de novo. Ainda bem que ela tinha expulsado os rapazes.

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